Olhar do ARTISTA percepção e arte

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cenário da vida.



Cenário da vida

Quando criança aprendeu a ler tudo, detalhadamente. Em memória leituras inesquecíveis. Uma das mais marcantes, o caminho até a escola.
Cercado, pela beleza do verde tornava ainda mais belo o chegar da primavera. O colorido das flores dava um toque especial ao cenário. O sugar do beija-flor, o voo suave das diversas borboletas harmonizavam a rara paisagem.
Ainda lembro as mudanças de estações do ano. Sabia quando elas ocorriam, observava o comportamento, dos participantes, daquele cenário. A presença inesperada das libélulas, suas patinhas unidas, elevadas para o céu, como se reverenciando a Deus, informavam chuva.
As folhas secas, espalhadas pelo caminho. Trazia o outono. As nuvens de tanajuras vinham confirmar, o evento. Eu e meu irmão corríamos feitos cabritos, saltitantes.
O orvalho da noite deixava a manhã, mais bela. A umidade do ar, as inúmeras gotículas de água, na vegetação, brilhava com a luz do sol. A magia de um arco-íris resplandecia aquele caminho.
Ao final do percurso - estava à escola. O enorme portão - bem maior após fechado. Lá, me se sentia só - tudo era sombrio. Na parede, o enorme quadro negro. As carteiras, onde sentávamos. Eram de madeira de lei, fazendo lembrar bancos de igreja. Mesas acompanhavam os assentos, todas tinham um buraco no centro - para que serviria aquele buraco? Pensava intrigada.
Sentavam dois, três em cada carteira. Sempre procurava ficar só – impossível. Mas, complicado era, quando o meu lado esquerdo, se manifestava. Tive o punho amarrado por um cordão. Fazendo lembrar o uso da direita.
Como solução, desenhava: olho; boca; nariz nas pontas dos dedos. Passei a utilizar o buraquinho, do centro da mesa. Manipulando meus dedinhos pela parte inferior do buraco - Carinhas pintadas entravam em cena.
Por: Marta Pinheiro em 2010

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