Cenário da vida
Quando criança aprendeu a ler tudo, detalhadamente. Em memória leituras
inesquecíveis. Uma das mais marcantes, o caminho até a escola.
Cercado, pela beleza do verde tornava ainda mais belo o chegar da
primavera. O colorido das flores dava um toque especial ao cenário. O sugar do
beija-flor, o voo suave das diversas borboletas harmonizavam a rara paisagem.
Ainda lembro as mudanças de estações do ano. Sabia quando elas ocorriam,
observava o comportamento, dos participantes, daquele cenário. A presença
inesperada das libélulas, suas patinhas unidas, elevadas para o céu, como se
reverenciando a Deus, informavam chuva.
As folhas secas, espalhadas pelo caminho. Trazia o outono. As nuvens de
tanajuras vinham confirmar, o evento. Eu e meu irmão corríamos feitos cabritos,
saltitantes.
O orvalho da noite deixava a manhã, mais bela. A umidade do ar, as
inúmeras gotículas de água, na vegetação, brilhava com a luz do sol. A magia de
um arco-íris resplandecia aquele caminho.
Ao final do percurso - estava à escola. O enorme portão - bem maior após
fechado. Lá, me se sentia só - tudo era sombrio. Na parede, o enorme quadro
negro. As carteiras, onde sentávamos. Eram de madeira de lei, fazendo lembrar
bancos de igreja. Mesas acompanhavam os assentos, todas tinham um buraco no
centro - para que serviria aquele buraco? Pensava intrigada.
Sentavam dois, três em cada carteira. Sempre procurava ficar só –
impossível. Mas, complicado era, quando o meu lado esquerdo, se manifestava.
Tive o punho amarrado por um cordão. Fazendo lembrar o uso da direita.
Como solução, desenhava: olho; boca; nariz nas pontas dos dedos. Passei a
utilizar o buraquinho, do centro da mesa. Manipulando meus dedinhos pela parte
inferior do buraco - Carinhas pintadas entravam em cena.
Por: Marta Pinheiro em 2010
Por: Marta Pinheiro em 2010
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